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Mães más – corações maleáveis

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Toda mãe nasce com um teste de positivo. Na verdade, toda idéia de ser mãe nasce nesse momento. Você passa longos meses com aquele ideal de mãe que você há de ser: “Segue a rotina, seja educado, obedece pai e mãe, basta falar uma vez, não precisa nem falar que ele já entendeu, faz a lição, come bem, dorme bem, não reclama, quem não quer? Eu sou a mãe, só depende de mim. Eu vou conseguir!”.

Daí nasce um bebê. E a gente descobre que desde bebê, aquele “serzinho”  já tem suas próprias vontades. Ele não quer dormir o tempo todo, como dizia nos livros. Ele não quer mamar só de 3 em 3 horas. Ele não quer silêncio agora. Ele não quer barulho. Ele não quer parar de chorar… E, de repente, a sua rotina acaba virando a rotina dele. Você dorme os minutos que ele deixa, você come a hora que dá, você toma banho se der. E, conforme a criança cresce, você se vê uma mãe completamente diferente do que havia imaginado. Você é uma mãe que grita com a criança que não quer te obedecer, que coloca de castigo porque falar não adianta mais, que não deixa seu filho sair da mesa enquanto não terminar de comer, que faz chantagem pra conseguir ver seu filho comendo, que conta histórias arrepiantes pra que a criança não se aproxime da janela, não suba escada. Você se tornou aquela mãe que você olhava na rua e dizia “afff! pra que ter filhos, então?”.

 

Acontece.

Outro dia eu dei um berro. Um berro pra valer. Daqueles de estremecer a cidade. Eu tinha total ciência que a culpa por todo aquele agito das meninas era (parcialmente, vai) minha. A janta demorou mais tempo para ficar pronta que o prazo estimado. Foi questão de minutos. Foi eu desligar o fogão para a Luisa dormir. E, cara, a hora que a Luisa dorme, não há nada nesse mundo que acorde. Só que ela não podia dormir ali, assim, naquela hora. Ela tinha que comer. Ela tinha que tomar banho. E se ela dormisse aquela hora, ela acordaria no meio da noite e aí já era. Não, não. Respirei fundo e fui encarar a fera. Eu sabia o que me aguardava. Então, fui com todo amor e carinho acordá-la (e levanta, chacoalha, implora, canta, dança…) e pedir para se sentar na mesa para comer. Eu não consigo explicar o que aconteceu depois disso. Porque no meio de um tormento que é a Luisa com sono, tinha outro que era a Julia com fome. E se eu corria pra um lado que “quero água! não, quero juice! não nesse copo não, quero outro. quero fazer xixi. quero fazer xixi de novo…” (a base de choros e berros tá? não nessa delicadeza) o outro lado chorava porque ainda não sabe comer sozinha e também tá chegando a hora de dormir e… enfim! Chegou uma hora que a minha paciência acabou. Simples assim. Por mais que eu estivesse preparada e me sentindo culpada pelo que estava acontecendo, eu, uma “mãe ser humano”, gritei com toda a força arrancada de meus pulmões:

CHEGAAAAAA! VOCÊ QUER ME DEIXAR LOUCA??

A Luisa parou de chorar na hora e, assustada, arregalou os olhos e engoliu seco. Aquela carinha dela me doeu. Eu não podia gritar assim. Esse não é o exemplo que eu quero passar para ela. A culpa era minha. A janta atrasou e ela estava com sono. Deveria, então, pedir desculpas? Por um outro lado, a casa estava em silêncio. A Luisa parou de chorar/reclamar/pedir e estava ali, quieta, prestando atenção em mim. E, poxa, vamos e venhamos. Foram só alguns minutos de atraso. Eu também não tenho tanta culpa assim. Então, me agachei, olhei nos olhos dela e disse: “- eu não quero ouvir mais nem um “ai”, nenhum “não” e menos ainda choro. Você vai sentar naquela cadeira e só abrir a boca pra comer”. Ui! Que mãe dura e cruel que eu sou. Verdade seja dita? Ela sentou e comeu. Quietinha. Só parou por um instante para dizer: “- mamãe, eu não quero que você fique louca”.

[insira aqui o desenho de uma mãe se derretendo e escorrendo pelo ralo].

Nessa hora não dava mais pra ser durona. Dei um beijinho. Pedi desculpas por ter gritado. Agradeci por ela estar se comportando. E deixei claro que eu poderia sim ficar louca se ela não me obedecesse (aproveitei, né?).

Me condene se você conseguiu criar seus filhos sem bronca, sem gritos, sem castigos, sem enlouquecer de vez em quando. O fato é que hoje eu não leio mais livros sobre como educar minhas filhas, eu não me espelho em outras pessoas, eu não fico mais me perguntando por que só as minhas não param quietas. Depois que eu tive a Julia muitas verdades vieram à tona. E a mais importante é: cada um é cada um. Não existe uma regra que se impõem a uma criança só porque você leu em algum lugar que é assim que tem que ser. Mesmo os bebês mais bebezinhos tem suas vontades, seu jeitinho, suas particularidades. E se você não souber lidar com o mundo dele, ele não saberá lidar com o seu. Hoje me proponho a ser a melhor mãe que posso ser para elas… e para mim. Eu faço parte dessa brincadeira também e se eu achar que é hora de levar bronca, castigos e, se precisar, uns tapinhas no bumbum pra assustar, podem me crucificar, mas é isso que eu vou fazer.

Não vou deixar que elas me façam de gato e sapato… a não ser que elas me peçam com jeitinho. ♥

 

eis mais uma história “luisistica” sobre o assunto:

Há mais de um mês a Luisa tem acordado de madrugada. Levanta, vem para o meu quarto, eu volto com ela pro quarto dela e ela pede para eu ficar lá com ela. Fico até ela dormir e volto para o meu quarto. Se tenho sorte, isso acontece somente uma vez por noite. Tem sido raras as noites com sorte.

Essa noite não foi diferente. E na terceira vez que ela veio para o meu quarto, eu decidi que iria colocar um ponto final naquilo ali. Levei ela pro quarto dela e falei que não ficaria mais ali com ela. Pra ela voltar a dormir porque ainda era de noite e que ela deveria voltar a dormir sozinha, na cama dela. Voltei pra minha cama e ela ficou lá chorando, chorando, chorando. Até que parou de chorar… e veio pro meu quarto. Repeti o procedimento. E de novo. E de novo. Até que ela mudou a estratégia e começou a chorar chamando o papai. “Amor, vai lá e conversa com ela. Fala que é hora de dormir, mas que você não pode ficar lá”. Então, ele voltou pro quarto. E ela voltou a chorar. (E eu a rezar para que a Julia não acordasse, peloamordedeus). Até que ela começou a chorar muito nervosamente e repetia “eu também quero…. eu também quero…. eu também quero”. Fiquei curiosa em saber o que ela tanto “também queria” e fui até o quarto perguntar ao que ela me respondeu aos soluços: “bocê”. “Oi? O que que você quer filha?” “Eu também quero ficar com ‘bocê’ igual o papai”.

Voltei pro meu quarto, peguei meu travesseiro e fui dormir com ela. ♥♥♥

Essa coisa de ser dura é uma dureza.

 

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E tudo isso foi só pra compartilhar esse texto que compartilharam hoje no facebook e que me fez pensar: Que mãe sou eu e o que será de mim quando essas meninas crescerem?

Segue o texto

 

 

“Mães más”

O Dr. Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra, publicou uma interessante reflexão, que transcrevo aqui para os pais:

Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, eu hei de dizer-lhes: Eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para fazê-los pagar as balas que tiraram do supermercado ou revistas do jornaleiro, e fazê-los dizer ao dono: “Nós pegamos isto ontem e queríamos pagar.”
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes “não”, quando eu sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em certos momentos, até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci… Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e as mães, quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo…
As outras crianças comiam doces no café e nós tínhamos que comer cereais, ovos e torradas.
As outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvete no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. E ela nos obrigava a jantar à mesa, bem diferente das outras mães que deixavam seus filhos comerem vendo televisão.
Ela insistia em saber onde estávamos a toda hora (ligava para o nosso celular de madrugada) e “fuçava” nos nossos e-mails. Era quase uma prisão.
Mamãe tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos.
Nós tínhamos vergonha de admitir, mas ela “violava as leis do trabalho infantil”, pois tínhamos que tirar a louça da mesa, arrumar nossas bagunças, esvaziar o lixo e fazer todos esses trabalhos que achávamos cruéis. Eu acho que ela nem dormia à noite, pensando em coisas para nos mandar fazer no outro dia.
Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos sempre a verdade e apenas a verdade. E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos pensamentos.
A nossa vida era mesmo chata. Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer. E, enquanto todos podiam voltar tarde, à noite, tendo apenas 12 anos, tivemos que esperar até os 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata ainda se levantava para saber se a festa foi boa (só para ver como estávamos ao voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime. FOI TUDO POR CAUSA DELA!
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos “pais maus”, como minha mãe foi.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: omissão. Falta de amor!

(Extraído do livro “Educar pela conquista e pela fé” de Professor Felipe Aquino)


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